QUAIS SÃO AS ORIGENS DO HEZBOLLAH?

A Guarda Revolucionária do Irã fundou o Hezbollah em 1982 durante a guerra civil do Líbano de 1975-90, parte do esforço de Teerã para exportar sua Revolução Islâmica de 1979 e lutar contra as forças israelenses que invadiram o Líbano em 1982. O grupo cresceu de uma facção obscura para uma força fortemente armada com grande influência no Líbano e na região. Governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos, o designam como um grupo terrorista. O mesmo acontece com os estados árabes sunitas muçulmanos do Golfo, incluindo a Arábia Saudita.

O Hezbollah é um grupo islâmico xiita e compartilha a ideologia da República Islâmica do Irã.

COMO O HEZBOLLAH SE ENVOLVEU NA GUERRA DE GAZA?

O Hezbollah é uma parte poderosa do “Eixo da Resistência”, uma aliança de grupos apoiados pelo Irã em todo o Oriente Médio que também inclui o movimento islâmico palestino Hamas, que iniciou a guerra de Gaza ao atacar Israel em 7 de outubro. Declarando solidariedade aos palestinos, o Hezbollah começou a atirar em posições israelenses na região da fronteira em 8 de outubro. Os lados têm trocado tiros quase diariamente desde então, com o Hezbollah lançando foguetes e drones e Israel montando ataques aéreos e de artilharia. Os ataques atingiram principalmente perto ou na fronteira, mas ambos os lados também ampliaram seus ataques.

Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas no Líbano e em Israel.

QUÃO PODEROSO É O EXÉRCITO DO HEZBOLLAH?

Enquanto outros grupos se desarmaram após a guerra civil do Líbano, o Hezbollah manteve suas armas para lutar contra as forças israelenses que estavam ocupando o sul predominantemente muçulmano xiita do país. Anos de guerrilha levaram Israel a se retirar em 2000, mas o Hezbollah manteve seu arsenal.

O Hezbollah demonstrou avanços militares em 2006 durante uma guerra de cinco semanas com Israel, que eclodiu depois que o grupo invadiu Israel, sequestrando dois soldados e matando outros.

O Hezbollah disparou milhares de foguetes contra Israel durante o conflito, no qual 1.200 pessoas foram mortas no Líbano, a maioria civis, e 158 israelenses foram mortos, a maioria soldados.

O poder militar do Hezbollah cresceu depois de 2006. O grupo diz que seus foguetes podem atingir todas as partes de Israel e seu arsenal inclui mísseis de precisão. Durante a guerra de Gaza, o Hezbollah anunciou ataques usando mísseis terra-ar – uma arma que se acreditava ter em seu arsenal, mas nunca havia confirmado possuir. Também lançou drones explosivos em Israel.

O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que o grupo tem 100.000 combatentes. O World Factbook da Agência Central de Inteligência dos EUA diz que o Hezbollah foi estimado em 2022 em 45.000 combatentes, divididos entre aproximadamente 20.000 em tempo integral e 25.000 reservistas.

QUAL É A POTÊNCIA REGIONAL DO HEZBOLLAH?

O Hezbollah inspirou e apoiou outros grupos apoiados pelo Irã na região, incluindo milícias xiitas iraquianas. Ele desempenhou um grande papel em ajudar seu aliado, o presidente Bashar al-Assad, a lutar na guerra na Síria, onde ainda tem combatentes. A Arábia Saudita diz que o Hezbollah também lutou em apoio aos Houthis aliados do Irã no Iêmen. O Hezbollah nega isso.

QUAL É O PAPEL DO HEZBOLLAH NO LÍBANO?

A influência do Hezbollah é sustentada tanto por seu armamento quanto pelo apoio de muitos xiitas libaneses que dizem que o grupo defende o Líbano de Israel. Ele tem ministros no governo e legisladores no parlamento.

Os partidos libaneses que se opõem ao Hezbollah dizem que o grupo minou o Estado e arrastou unilateralmente o Líbano para guerras.

Entrou na política libanesa em 1992, disputando eleições, e começou a assumir um papel mais proeminente nos assuntos de Estado em 2005, depois que a Síria retirou forças do Líbano após o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, um político sunita que simbolizava a influência saudita em Beirute.

Um tribunal apoiado pela ONU condenou três membros do Hezbollah à revelia pelo assassinato. O Hezbollah nega qualquer papel, descrevendo o tribunal como uma ferramenta de seus inimigos.

Em 2008, uma disputa de poder entre o Hezbollah e seus inimigos políticos libaneses levou a um conflito armado, depois que o governo prometeu tomar medidas contra a rede de comunicações militares do grupo. Os combatentes do Hezbollah tomaram partes de Beirute.

Em 2018, o Hezbollah e aliados que apoiam sua posse de armas ganharam uma maioria parlamentar. Isso foi perdido em 2022, mas o grupo ainda tem grande influência política.

ACUSADO DE ATAQUES A INTERESSES OCIDENTAIS

Autoridades libanesas e serviços de inteligência ocidentais disseram que grupos ligados ao Hezbollah realizaram ataques suicidas contra embaixadas e alvos ocidentais e sequestraram ocidentais na década de 1980.

Os Estados Unidos responsabilizam o Hezbollah pelos atentados suicidas em 1983 que destruíram o quartel-general da Marinha dos EUA em Beirute, matando 241 militares, e um quartel francês, matando 58 paraquedistas franceses. Também dizem que o Hezbollah estava por trás de um ataque suicida à embaixada dos EUA em Beirute em 1983.

Referindo-se a esses ataques e tomadas de reféns, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse em uma entrevista de 2022 que eles foram realizados por pequenos grupos não ligados ao Hezbollah.

O Hezbollah também foi acusado de ataques militantes em outros lugares. A Argentina o culpa e o Irã pelo atentado mortal a um centro comunitário judaico em Buenos Aires, no qual 85 pessoas morreram em 1994, e por um ataque à embaixada israelense em Buenos Aires em 1992, que matou 29 pessoas.

Fonte: Reuters

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